Bioeconomia: o que é e desafios na indústria brasileira

Nos últimos anos muito tem se discutido sobre o papel da bioeconomia na indústria e qual seu impacto na construção de um desenvolvimento sustentável.
Atualizado em: 2 de outubro de 2023
Tempo de leitura: 6 minutos

A bioeconomia é um tema que tem crescido nos últimos anos devido ao foco das empresas no crescimento sustentável. Vale ressaltar que esse conceito está intimamente relacionado à inovação industrial, pois a bioeconomia visa o uso consciente dos recursos biológicos e, portanto, uma economia verde.

A bioeconomia também incentiva o uso de tecnologias sustentáveis ​​na indústria, o que facilita a inovação em diversos setores e o desenvolvimento de produtos com mínimo impacto ambiental.

Apesar de sua popularidade, a aplicação do conceito enfrenta grandes dificuldades, que vão desde a falta de regulamentação até a adoção de uma infraestrutura eficiente.

Diante disso, elaboramos este artigo para explorar os conceitos, benefícios e desafios envolvidos na aplicação da bioeconomia na indústria brasileira. Acompanhe! 

O que é bioeconomia?

Bioeconomia é um termo que se refere ao uso consciente de produtos biológicos renováveis ​​(como plantas, carnes, ovos, algodão, etc.) para produzir bens e prestar serviços de forma sustentável.

Em outras palavras, o conceito propõe formas de criar uma economia verde por meio do uso responsável de produtos renováveis. Como tal, é considerada uma alternativa promissora aos atuais padrões de produção e consumo onde existe uma exploração descontrolada dos recursos naturais.

Além disso, a bioeconomia ainda contribui para a criação dos chamados empregos verdes, ou seja, atividades econômicas que ajudam a proteger e restaurar o meio ambiente. 

Bioeconomia versus economia circular

A bioeconomia se concentra no uso sustentável de recursos biológicos renováveis ​​para a produção de bens e serviços. A economia circular, por sua vez, defende a redução, reutilização e reciclagem de materiais e recursos não renováveis.

Por exemplo, a bioeconomia é responsável por garantir que os produtos sejam fabricados de forma sustentável, enquanto o papel da economia circular é manter os produtos finais relevantes (não renováveis) em circulação pelo maior tempo possível.

Preocupação com desenvolvimento sustentável em alta

Nos últimos anos, a atenção ao desenvolvimento sustentável aumentou significativamente em todo o mundo. Nesse sentido, líderes de diversos países se uniram para estudar alternativas para minimizar o impacto ambiental de suas ações.

Uma explicação pode estar na crescente conscientização das pessoas sobre o impacto das atividades humanas no meio ambiente e na sociedade. Portanto, uma abordagem mais responsável é necessária para garantir a sobrevivência das gerações futuras, inclusive por parte das empresas, certo? 

O desenvolvimento sustentável eficiente requer atender às necessidades do presente sem comprometer o futuro do planeta. Dessa forma, alternativas podem ser pensadas para proteger o meio ambiente, como a redução das emissões de carbono e a expansão das energias renováveis, além de considerar a justiça social, como a erradicação da fome e o saneamento básico.

No Brasil, porém, a situação não é muito animadora. Um relatório apontou que o país fez progressos em apenas 169 dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas. Atualmente, 65,47% delas estão em retrocesso,6,54% estão paradas, 8,33% em ameaça e 14,28% não progrediram o suficiente. Esses números sugerem que a plena implementação da bioeconomia no Brasil pode enfrentar uma série de desafios.

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Bioeconomia e desenvolvimento sustentável da indústria brasileira

A bioeconomia é um campo novo, mas já desempenha um papel vital no desenvolvimento sustentável da indústria brasileira. No país, a bioeconomia utiliza recursos biológicos renováveis ​​para produzir alimentos, medicamentos, energia, materiais e outros produtos, ao contrário das indústrias tradicionais que utilizam recursos não renováveis, muitas vezes sem cuidado.

O conceito pode ser aplicado em diversos setores e tem potencial para contribuir com o desenvolvimento sustentável do país, gerando empregos, renda e inovação.

Nesse contexto, para que essa abordagem contribua efetivamente para o desenvolvimento sustentável da indústria brasileira, é necessário um ambiente regulatório e incentivos ao setor.

Para tanto, há necessidade de políticas públicas que estimulem a pesquisa, o desenvolvimento e a comercialização de produtos bioeconômicos. Além disso, deve-se considerar a atração de mão de obra qualificada e a colaboração entre empresas privadas, instituições de pesquisa e governos.

É também preciso investir na divulgação dos benefícios da bioeconomia para que todas as áreas relevantes, como a sociedade civil, conheçam o assunto. 

O papel da bioeconomia na reindustrialização

Reindustrialização é o nome dado ao processo econômico e político que tem como objetivo revitalizar a indústria de uma região após o declínio de suas atividades econômicas. Esse processo envolve medidas como investimentos em tecnologia e a criação de políticas fiscais de incentivo, por exemplo. ​



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Nessa direção, a bioeconomia é capaz de desempenhar um papel crucial nesse processo, uma vez que oferece oportunidades para a criação de novos setores e indústrias baseadas em recursos biológicos renováveis. Por exemplo, a utilização de biocombustíveis é uma das principais alternativas para substituir o uso de combustíveis fósseis na indústria.

Além disso, ao promover a adoção de práticas sustentáveis, a bioeconomia impulsiona a competitividade e relevância de mercado da indústria, o que pode ajudar a criar novas oportunidades de negócios, dada a importância da sustentabilidade para a imagem da organização e mercado.

Segmentos abrangidos pela bioeconomia 

De modo geral, a bioeconomia abrange todos os segmentos que utilizam recursos biológicos para a produção de bens e serviços. Dito isso, os setores mais beneficiados pela bioeconomia são:

  • Indústria e manufatura;
  • Agricultura e produção de alimentos;
  • Produção de madeira, papel, celulose e biomassa;
  • Energia renovável;
  • Medicamentos, cosméticos e produtos farmacêuticos;
  • Biotecnologia e engenharia genética;
  • Turismo ecológico.

Relação entre bioeconomia e biotecnologia

A biotecnologia usa organismos vivos, ou partes deles, para produzir uma variedade de itens, como remédios e alimentos. Nesse contexto, a biotecnologia é a base para a produção de produtos biológicos na bioeconomia, como bioplásticos, biofármacos etc.

Outro exemplo é a produção de biocombustíveis, na qual matérias-primas biotecnológicas, como a cana-de-açúcar, são convertidas em etanol, que pode ser usado como combustível veicular.

Além disso, a biotecnologia também desempenha um papel importante no desenvolvimento de novas tecnologias para a bioeconomia. Mais um exemplo é a engenharia genética, que é responsável por modificar geneticamente organismos para atingir objetivos como melhorar a qualidade do produto.

O que a legislação brasileira diz sobre a bioeconomia?

Atualmente, não há nenhuma lei de bioeconomia. No entanto, existem dispositivos legais e regulamentos que tratam de questões relacionadas a esse tema, como: conservação da biodiversidade, pesquisa científica e produção biotecnológica.

A falta de normatização do tema pode ser vista como um motivo de incerteza para os empresários e investidores. Nesse sentido, a regulamentação do assunto em lei poderá servir para criar um conjunto claro de regras e normas a serem seguidas pelo mercado. 

Propostas da CNI para aprimorar a legislação para bioeconomia

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) é responsável por propor medidas para aprimorar a legislação brasileira no que diz respeito à bioeconomia, tendo como principal objetivo regulamentar sua aplicação e monitoramento. Algumas ações sugeridas são:

  • Aprimoramento do Marco Regulatório de Acesso a Recursos Genéticos e Repartição de Benefícios;
  • Aperfeiçoamento da Lei de Biossegurança (Lei 11.105/2005);
  • Revisão das Resoluções Normativas 02 de 2006 e 05 de 2008 da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança;
  • Atualização da Lei de Propriedade Industrial (Lei 9279/1996);
  • Revisão da Lei de Inovação (Lei 10.973/2004);
  •  Alteração da Lei do Bem (Lei 11.196/2005).

Desafios para a adoção da bioeconomia na indústria brasileira

A adoção da bioeconomia pela indústria brasileira enfrenta algumas dificuldades. Conheça, abaixo, os principais desafios: 

1- Falta de infraestrutura

A implantação da bioeconomia requer infraestrutura adequada, que não costuma ser encontrada nas indústrias ou cidades brasileiras. Por exemplo, usinas de biocombustíveis, laboratórios de pesquisa, estradas e ferrovias. Isso é necessário para garantir uma produção e distribuição eficientes dos produtos.

2- Regulamentação

O uso de recursos biológicos expõe a bioeconomia a questões regulatórias e de licenciamento, leis de biossegurança e leis de propriedade industrial. Além disso, a falta de regulamentação específica também dificulta a adoção dessa abordagem pela indústria.

3- Poucos investimentos

Por tratar-se de uma área que necessita de altos investimentos em pesquisa e desenvolvimento, bem como em infraestrutura e tecnologia, a bioeconomia pode encontrar dificuldade para operar de forma efetiva no Brasil. Isso ocorre, pois o país ainda não investe o suficiente nessas áreas para apoiar o desenvolvimento dessa abordagem, uma vez que apenas 1,2% do PIB é destinado para ciência e tecnologia, segundo dados do Banco Mundial. 

4- Conscientização e educação

Como a bioeconomia é um campo relativamente novo, a maioria das empresas e do público ainda desconhece as oportunidades que ela representa. Sem falar que o investimento em ciências biológicas continua baixo no Brasil, o que pode limitar o desenvolvimento.

5- Concorrência de outras indústrias

A bioeconomia ainda é um campo em desenvolvimento. Assim, enfrenta a concorrência de outras indústrias integradas, como óleo e gás, importantes na economia brasileira e com nome consolidado no mercado.

Perspectivas para o futuro da bioeconomia no Brasil

A bioeconomia é promissora em todo o mundo, e o Brasil, que é rico em recursos biológicos, não é exceção. O país é líder na produção de produtos como cana-de-açúcar, soja e milho, que são algumas das matérias-primas mais comuns usadas para produzir biocombustíveis, bioplásticos e biofármacos.

Além disso, o país possui uma rica biodiversidade, o que representa um grande potencial para a descoberta de novos compostos e biomoléculas com propriedades únicas que podem servir para diversas aplicações. 

No entanto, para aproveitar todo o potencial da bioeconomia, são necessários investimentos em pesquisa e desenvolvimento, infraestrutura e políticas públicas para incentivar o uso sustentável dos recursos naturais e o desenvolvimento tecnológico.

O Checklist fácil contribui para a sustentabilidade das empresas

Inserir o Checklist Fácil na rotina da sua empresa pode resultar em uma redução significativa na quantidade de papel usada. Isso porque a ferramenta armazena todas as informações coletadas em nuvem, além de gerar relatórios digitais que podem ser usados para otimizar o processo de tomada de decisão.  

Nesse contexto, é importante levar em conta que a produção de uma única folha de papel A4 consome 10 litros de água e 1/10.000 de árvores. Dessa forma, minimizar o uso de papel é uma das principais formas de uma empresa contribuir para a sustentabilidade. 

Além disso, a tecnologia pode otimizar o processo de implementação da bioeconomia na indústria, já que ela pode ser usada para verificar, por exemplo, as não conformidades sustentáveis e solucioná-las. 

A bioeconomia é uma forma de aliar desenvolvimento e sustentabilidade, garantindo as necessidades da geração atual e a sobrevivência da geração seguinte.

Nesse sentido, a utilização de recursos biológicos renováveis ​​é uma forma de revitalizar a indústria, gerar empregos, ajudar a preservar a biodiversidade e fortalecer a posição do Brasil como potência do desenvolvimento sustentável.

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