Logística reversa: o que é e como ela beneficia o planeta e os negócios

A logística reversa é uma forma que as empresas tem de reduzir custos e até mesmo lucrar, ao mesmo tempo que toma responsabilidade pelos resíduos dos produtos que produz.
Atualizado em: 2 de outubro de 2023
Tempo de leitura: 9 minutos

Ao mesmo tempo que a logística reversa não é um conceito novo nos negócios, há muito o que explorar e evoluir em seu verdadeiro potencial. Além de mitigar impactos negativos no meio ambiente, esse modelo revolucionário apresenta uma série de vantagens para as empresas que o adotam.

Neste artigo, mergulharemos no mundo da logística reversa, desvendando seus benefícios, práticas essenciais e seu papel fundamental na busca por um futuro mais sustentável.

O que é logística reversa?

Logística reversa consiste na devolução de produtos e resíduos às empresas e sua reintegração ao ciclo produtivo após a utilização por parte do cliente final.

A logística reversa é uma das ferramentas da Política Nacional de Resíduos Sólidos, prevista na Lei nº 12.305 de 2010, na qual é conceituada da seguinte forma:

 “[Entende-se por logística reversa um] instrumento de desenvolvimento econômico e social caracterizado por um conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra destinação final ambientalmente adequada”.

Diferente do modelo tradicional de logística, no qual o fluxo começa na fábrica e termina no consumidor, a logística reversa propõe um processo cíclico. Isso quer dizer que os resíduos de um produto ou um item com defeito, por exemplo, voltarão ao ciclo produtivo e de negócios, recomeçando seu ciclo de vida.

Dessa forma, as empresas envolvidas no fluxo compartilham a responsabilidade sobre aquilo que produzem, distribuem e vendem, até seu destino final. Este “destino final”, no caso da logística reversa, pode ser a reciclagem para servir de matéria-prima para outros produtos, ou o descarte adequado em caso de resíduos perigosos.

Qual é o objetivo principal da logística reversa?

Se você pensou em proteção do meio ambiente como o principal objetivo da logística reversa, sua resposta está correta, mas não é a única possível.

Em resumo, a logística reversa busca maximizar o valor dos materiais e minimizar o impacto ambiental, promovendo a sustentabilidade e a economia de recursos.

Além do fator sustentabilidade e responsabilidade ambiental, a logística reversa também é uma maneira de lidar com escassez de recursos e custos dos insumos através do reaproveitamento de materiais.

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Qual a lei que regulamenta a logística reversa?

A logística reversa tem amparo na Lei nº 12.305 de 2010, que estabelece a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) e a logística reversa como um de seus instrumentos



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No art. 33, a lei determina a obrigatoriedade da logística reversa, de forma independente do serviço público de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos, sobre fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes dos seguintes produtos:

I – Agrotóxicos, seus resíduos e embalagens, assim como outros produtos cuja embalagem, após o uso, constitua resíduo perigoso, observadas as regras de gerenciamento de resíduos perigosos previstas em lei ou regulamento, em normas estabelecidas pelos órgãos do Sisnama, do SNVS e do Suasa, ou em normas técnicas; 

II – pilhas e baterias;

III – pneus;

IV – óleos lubrificantes, seus resíduos e embalagens; 

V – lâmpadas fluorescentes, de vapor de sódio e mercúrio e de luz mista; 

VI – produtos eletroeletrônicos e seus componentes.

Além disso, a obrigatoriedade da logística reversa se aplica ao produtos e embalagens de acordo com o impacto que esses resíduos podem gerar ao meio ambiente e à saúde pública



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Decretos

Em janeiro de 2022, o governo federal publicou o decreto de 10.936/2022,que regulamenta a PNRS e cria o Programa Nacional de Logística Reversa.

Vinculado ao Sistema Nacional de Informações Sobre a Gestão dos Resíduos Sólidos (SINIR), o programa tem como objetivo otimizar a implementação e operacionalização da infraestrutura física da logística reversa, bem como proporcionar ganhos em escala e a sinergia entre os sistemas.

Em abril de 2022, foi instituído o Plano Nacional de Resíduos Sólidos e o Manifesto de Transporte de Resíduos (MTR). O decreto nº 11.043/2022 mostra um esforço do governo federal para melhorar e ampliar a logística reversa no país através de leis e metas como o encerramento de lixões, recuperação de resíduos de 50% em 20 anos, aumento de 25% da reciclagem na construção civil, entre outros.

As regulamentações acerca da logística reversa seguiram, em fevereiro de 2023, com o decreto nº 11.413, que institui os seguintes certificados:

  • Certificado de Crédito de Reciclagem de Logística Reversa;
  • Certificado de Estruturação e Reciclagem de Embalagens em Geral;.
  • Certificado de Crédito de Massa Futura

Também foi instituído outro decreto, de nº 11.414, que busca apoiar catadores de resíduos recicláveis e reutilizáveis a partir da criação do:

  • Programa Diogo Sant’ana Pró-catadoras e Catadores para a Reciclagem Popular;
  • Comitê Interministerial para Inclusão Socioeconômica de Catadoras e Catadores de Materiais Reutilizáveis e Recicláveis;
  • e da recriação do Programa Pró-Catador.

Quais empresas utilizam a logística reversa?

Apesar de não ser obrigatória para todos os tipos de empresas, a logística reversa faz total sentido dentro das estratégias de determinados negócios, principalmente aqueles reconhecidos por terem a sustentabilidade em seu DNA.

Alguns dos destaques são das empresas de moda e cosméticos, como Simple Organic, Natura e O Boticário, que além de optarem por embalagens de materiais 100% recicláveis, transformaram suas lojas físicas em pontos de coleta desses resíduos.

A marca de calçados Melissa segue o mesmo modelo e destina parte dos resíduos para a produção de novos produtos ou para seu descarte correto.

Renner e C&A possuem parcerias com a Sacola do Bem, que recebe roupas de consumidores para serem revendidas, como em um brechó, com retorno de 60% do valor aos antigos donos das peças.

A Renner possui ainda o programa EcoEstilo, que recolhe roupas sem utilidade, da própria empresa e de qualquer outra marca. Dessa forma, os destinos das peças podem ser o upcycling, reciclagem e até mesmo doação, se o produto estiver em condições de uso.

Outros bons exemplos de negócios que praticam a logística reversa são Phillips e HP, que possuem programas de retorno de produtos usados e resíduos, como lixo eletrônico, cartuchos e toners para as empresas.

Quais são os tipos de logística reversa?

Há dois tipos principais de logística reversa. São eles:

Logística reversa de pós-consumo

A logística reversa pós-consumo é aquela em que os resíduos de um produto utilizado ou impróprio para consumo retorna à empresa para sua destinação correta.

A destinação dos resíduos na logística reversa de pós-consumo vai depender do tipo de material descartado. Garrafas PET e alumínio, por exemplo, são recicláveis e podem se tornar matéria-prima para novos produtos

Há também aqueles produtos que serão desmontados e reaproveitados de diversas maneiras. O exemplo mais conhecido é o descarte de eletrônicos, como celulares e computadores defasados ou quebrados. Carcaça, componentes eletrônicos, bateria, tudo pode ser reaproveitado de alguma maneira pela indústria.

Os medicamentos vencidos, entretanto, têm um destino diferente. Isso porque não é possível reaproveitá-los, logo, a indústria farmacêutica deve se responsabilizar pela  incineração.

De todo modo, é importante destacar que nenhum processo de reaproveitamento acontecerá se não houver coleta seletiva e pontos específicos para devolução ou descarte desses resíduos.

Por isso, mesmo as empresas que não tem obrigatoriedade em realizar logística reversa devem elaborar estratégias para que seus produtos não acabem prejudicando consumidores ou causando acidentes ambientais.

Logística reversa de pós-venda

A logística reversa de pós-venda, por sua vez, é aquela em que um produto volta a integrar o ciclo produtivo sem ter sido utilizado pelo consumidor final.

Devoluções de produtos com defeito, desistências e pedidos incorretos são alguns dos exemplos contemplados pela logística reversa de pós-venda.

Diferente do pós-consumo, a logística reversa de pós-venda acontece em um ciclo menor. Isso porque, normalmente, o produto acaba voltando para a loja onde ocorreu a compra para o processo de troca ou devolução. A partir daí, inicia-se o procedimento de retorno do produto para o fabricante.

Contudo, há casos em que o produto nem passa pelas mãos do consumidor final antes do processo de logística reversa.

Imagine, por exemplo, que um produto foi danificado durante o transporte até a loja ou que o pedido esteja errado. Neste caso, a mercadoria precisa retornar à distribuidora ou diretamente ao fabricante para que seja reaproveitada, consertada ou descartada de forma responsável.

O que é logística reversa de reuso?

Diferente dos dois tipos principais, de pós-venda e pós-consumo, na logística reversa de reuso a empresa revende seus resíduos e produtos para outras empresas, por meio de leilões.

Da mesma maneira, essa modalidade evita que os resíduos sejam descartados de forma incorreta, gerando receita para a empresa, mas sem incorporá-los novamente ao ciclo de produção.

Quais os princípios da logística reversa?

A implementação da logística reversa tem como guia os seguintes fundamentos, adaptados às necessidades e regulamentações de cada setor e contexto específico:

  • Responsabilidade compartilhada entre empresas de toda a cadeia de produção, como fabricantes, distribuidoras, varejistas, consumidores e governos, sobre a gestão de resíduos e produtos rejeitados.
  • Integração de processos do ciclo de vida dos produtos, desde a sua concepção até o descarte final, que permitam a recuperação, reutilização, reciclagem ou descarte adequado dos produtos ao final de sua vida útil.
  • Hierarquia de gestão de resíduos que priorize ações como a prevenção, a reutilização e a reciclagem em detrimento do descarte em aterros sanitários a fim de maximizar a valorização dos materiais e minimizar a quantidade de resíduos destinados à disposição final.
  • Sistemas de rastreabilidade e transparência que permitam o acompanhamento dos produtos e materiais ao longo do processo de retorno, garantindo a conformidade com regulamentações, identificar oportunidades de melhoria e promover a responsabilidade dos envolvidos.
  • Valorização da inovação e o uso de tecnologias para aprimorar os processos de retorno e recuperação de produtos. Isso inclui o desenvolvimento de sistemas de coleta eficientes, métodos avançados de desmontagem e separação de materiais, além de soluções tecnológicas para rastreamento e monitoramento.
  • Educação e a conscientização dos consumidores, empresas e demais partes interessadas sobre a importância da gestão adequada dos produtos e resíduos. Isso inclui a divulgação de informações sobre as opções de devolução, reciclagem e os benefícios ambientais e econômicos associados à logística reversa.

Quais são os benefícios da logística reversa?

Até aqui, fica fácil perceber os benefícios que a logística reversa pode trazer para as empresas, o meio ambiente e sociedade como um todo, certo? Mesmo assim, vamos dar uma olhada em algumas das vantagens, a seguir:

Redução do impacto ambiental

Um dos principais objetivos da logística reversa é minimizar o impacto ambiental causado pelos resíduos, promovendo a sua recuperação, reutilização, reciclagem ou descarte adequado. Isso contribui para a conservação dos recursos naturais, a redução da poluição e a mitigação das emissões de gases de efeito estufa.

Economia de recursos

A logística reversa busca recuperar materiais e componentes valiosos presentes nos produtos descartados, permitindo a sua reintrodução no ciclo produtivo. Assim, possibilita economizar recursos naturais, reduzir a demanda por matérias-primas virgens e minimizar os custos de produção.

Melhoria da imagem corporativa

A adoção de práticas sustentáveis, como a logística reversa, pode melhorar a imagem corporativa das empresas, demonstrando o compromisso com a responsabilidade ambiental e social. Isso pode influenciar positivamente a percepção dos consumidores, parceiros comerciais e investidores, criando vantagens competitivas.

Redução de custos operacionais

A logística reversa pode trazer benefícios econômicos por meio da redução de custos operacionais. A recuperação de materiais valiosos dos produtos descartados pode gerar receitas adicionais, enquanto a reutilização de componentes pode diminuir os custos de produção.

Atendimento às demandas dos clientes

Cada vez mais, os consumidores estão exigindo práticas sustentáveis das empresas. A logística reversa permite atender a essas demandas, proporcionando aos clientes meios convenientes e responsáveis para retornar produtos indesejados ou obsoletos, promovendo a fidelização e a satisfação do cliente.

Criação de empregos

A logística reversa pode gerar empregos diretos e indiretos em áreas como coleta, triagem, reciclagem, reparo e recondicionamento de produtos. Isso contribui para o crescimento econômico e a geração de oportunidades de trabalho em comunidades locais.

Promoção da economia circular

A logística reversa está alinhada com os princípios da economia circular, que busca reduzir o consumo de recursos e minimizar o desperdício. Ela promove a reintegração de produtos e materiais no ciclo produtivo, estimulando a criação de um sistema mais sustentável e eficiente.

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Conformidade com regulamentações

A implementação da logística reversa é impulsionada por leis e regulamentos governamentais que exigem o retorno e a gestão adequada de certos produtos ou resíduos. Os objetivos da logística reversa incluem o cumprimento dessas regulamentações para evitar penalidades legais e garantir a conformidade.

Como a tecnologia aprimora os processos de logística reversa?

Não basta apenas implementar um programa de logística reversa na empresa sem garantir que todos os processos estão em pleno funcionamento e no melhor nível de eficiência. Arriscamos dizer, então, que é impensável fazer isso sem contar com tecnologias.

Quando falamos em logística 4.0, não nos referimos apenas ao uso da tecnologia de ponta, até porque progresso nenhum acontecerá sem que haja a preservação do meio ambiente e redução dos impactos na natureza. O futuro é 4.0 e acontecerá aqui, neste planeta. Afinal, não existe planeta B!

Por isso, as tecnologias 4.0 podem e devem ser aplicadas à logística reversa para que ela seja possível e sustentável para os negócios. Veja alguns exemplos:

Rastreamento e monitoramento

Tecnologias como códigos de barras, QR Codes, RFID e sistemas de geolocalização ajudam a rastrear e monitorar produtos e materiais na cadeia de suprimentos e da logística reversa. Assim, é possível acompanhar o movimento dos produtos retornáveis, resíduos e materiais recicláveis. Essa visibilidade e controle dos itens em trânsito permitem uma gestão mais eficiente.

Sistemas de gestão de informações

Os sistemas de gestão, como softwares de logística e ferramentas de gerenciamento de resíduos, facilitam o registro e o processamento de dados relacionados à logística reversa. Eles ajudam a organizar informações sobre produtos retornáveis, destinos de reciclagem, prazos de devolução, reparos, entre outros aspectos. Esses sistemas permitem uma gestão mais integrada, automação de processos e tomada de decisões baseadas em dados.

Automação de processos

A automação de processos otimiza a logística reversa, por exemplo, no uso de sistemas automatizados de classificação e separação de materiais que agilizam a triagem e processamento de resíduos. A automação também melhora o reparo, recondicionamento e remanufatura de produtos, aumentando a eficiência e produtividade.

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Análise de dados e otimização

A análise de dados é essencial na logística reversa. Isso porque ela permite identificar padrões, tendências e oportunidades de melhoria. Com base nesses dados, as empresas podem otimizar rotas de coleta, identificar gargalos e melhorar a eficiência dos processos. A análise embasada em dados também auxilia na tomada de decisões. Além disso, a tecnologia permite simular e modelar cenários, ajudando as empresas a avaliarem o impacto de diferentes estratégias antes de implementá-las.

Comunicação e colaboração

Tecnologias como ferramentas online e aplicativos móveis facilitam a interação e troca de informações entre os participantes da cadeia de suprimentos reversa. Isso inclui fabricantes, fornecedores, transportadoras, varejistas e consumidores finais. Desse modo, compartilhando informações sobre devoluções, coletas, transporte e status dos produtos, essas tecnologias promovem colaboração eficiente e melhoram a experiência do cliente.

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