Conheça os principais indicadores de perdas na construção civil

Os indicadores de perdas fornecem dados importantes sobre a saúde dos recursos financeiros, materiais e humanos das construtoras, portanto, merecem atenção da gestão.
Atualizado em: 27 de abril de 2023
Tempo de leitura: 7 minutos

O desperdício na construção civil é um problema enfrentado por quase todas as empresas do ramo, impactando negativamente em vários aspectos da obra, por exemplo, gerar gastos desnecessários. A esse respeito, uma pesquisa da Transparency Market Research destacou que o desperdício global de materiais de construção chegará a 2,2 bilhões de toneladas até 2025.

Vale destacar que, além da questão financeira, as perdas no setor englobam também: tempo, mão de obra, equipamentos e outros. 

Uma forma de entender a realidade da sua construtora quando o assunto é desperdícios é utilizar indicadores de perdas na construção civil. Entenda melhor o assunto ao ler o post! 

O que caracteriza uma perda na construção civil?

Edward Skoyles, que estudou custos e práticas na indústria da construção, destacou que desperdício ou perda é a diferença entre a quantidade de material entregue na obra e a quantidade que é efetivamente usada na construção.



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Já para Carlos Torres Formoso, estudioso brasileiro sobre o tema, uma perda é tudo aquilo que provoca ineficiência, seja no uso de equipamentos, materiais, mão de obra ou capital financeiro. Dessa forma, o desperdício tem associação com tudo aquilo que não agrega valor à obra. 

Em resumo, a perda é o desperdício de recursos que deveriam agregar valor à construção. Esse problema pode ter como causa o mau uso, estoque desproporcional, consumo excessivo, planejamento ineficiente, entre outros.

Quais são os tipos de perda em uma obra?

Apesar de ser mais fácil identificar desperdícios de insumos, por exemplo, as perdas não são apenas materiais, como muitas gestões pensam. É preciso ampliar a visão sobre o tema e entender que os desperdícios de recursos ocorrem nos canteiros de obras de várias formas. Veja:

Perdas por superprodução

Ocorrem quando uma empresa produz mais material do que realmente necessita para a obra, fazendo com que os itens excedentes não tenham o destino almejado. 

Perdas por transporte

São desperdícios que ocorrem devido ao transporte inadequado de itens ou matérias-primas. Por exemplo, manuseamento incorreto dos itens, uso de equipamentos impróprios, desorganização do estoque no canteiro de obra etc.

Perdas no processamento

Ocorrem quando os processos da empresa são os responsáveis pela perda ou desperdício. Isso acontece, por exemplo, quando a execução de uma tarefa não é otimizada e acaba sendo feita de forma ineficiente, provocando tal problema. 

Perdas por elaboração de produtos defeituosos

Refere-se à produção de materiais abaixo do critério de qualidade e que por isso não podem ser utilizados. 

Perdas no movimento

Este tipo de perda tem como causa os movimentos inesperados dos trabalhadores. Por exemplo, quando um funcionário leva um item para a obra, mas o deixa cair por um movimento feito inadequadamente. 

Geralmente, isso ocorre por falta de um layout de obras eficiente, que ajude os funcionários a se deslocarem adequadamente. 

Perdas por espera

São as perdas causadas por interrupção nas operações, independente do tempo ou fator responsável. 

Perdas por estoque

Resultam de um estoque desproporcional, em que há mais material do que o necessário para a obra, o que acaba resultando em perdas de itens. 

Isso também se aplica a casos em que os insumos e equipamentos são estocados em condições inadequadas, podendo sofrer danos em seu funcionamento. 

Perdas por substituição

Acontecem quando um material, equipamento ou profissional de alto desempenho/qualificação é usado para uma tarefa simples, que poderia ser feita com menos recursos e esforços. 

Perdas por falta de segurança 

Refere-se a perdas causadas pela falta de segurança na construção civil. Por exemplo: mortes, afastamentos, paralisações, danos a equipamentos e insumos. 

Para evitá-las, é preciso seguir as normas e investir em estratégias ou formas de garantir a segurança no ambiente de trabalho.

Outros tipos de perda

Quaisquer outros tipos de perda que não estão sob o controle dos envolvidos da obra. Exemplo: roubo, furto, vandalismo, condições climáticas adversas, pane em equipamentos, entre outros. 

Quais os impactos das perdas na construção civil?

Os desperdícios na construção civil podem ter uma série de consequências que impactam diretamente a empresa construtora e todos os trabalhadores envolvidos. Por isso, todas as perdas, por menores que sejam, trazem impactos negativos para a construção.

O primeiro (e mais lógico) é o impacto financeiro dessas perdas, que pode levar ao estouro do orçamento de obra

Também é importante destacar as consequências ligadas aos prazos. Na construção civil, todos os processos são interligados, então, o atraso em uma atividade pode fazer com que todas as seguintes também atrasem. No final, isso pode comprometer a entrega da obra no prazo acordado. 

Além disso, as perdas no canteiro de obras influenciam na produtividade do trabalhador, o que pode levar a um time ineficiente. 

Fora isso, o desperdício e descarte inadequado dos materiais polui o meio ambiente e coloca em risco a reputação da empresa.

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Quais as causas de perdas na construção civil?

Antes de traçar um plano para conter os desperdícios na construção civil, é preciso chegar à causa raiz dessas perdas, o que permite analisar a situação e desenvolver uma resposta efetiva. 

Veja abaixo algumas das principais causas dessas perdas:

Falhas na comunicação

Uma comunicação ruidosa é um dos principais fatores causadores das perdas de materiais na construção civil. 

Muitas vezes, os setores envolvidos na construção não se comunicam entre si ou o fazem de uma forma que não é esclarecedora. Dessa forma, isso abre espaço para mal-entendidos, facilitando a divulgação de informações incorretas. 

Planejamento ineficaz

Em muitas ocasiões, o planejamento da obra é feito de forma ineficiente, o que resulta em uma obra sem direcionamento, em que os trabalhadores não seguem uma metodologia eficaz.

Equipe despreparada

Outro fator de risco para perdas na construção são profissionais sem a devida qualificação para o exercício de suas funções. 

Esse perfil de profissional pode causar uma série de prejuízos ao cometer erros, principalmente quando em cargos de chefia. Por exemplo, orientar trabalhadores de forma incorreta ou usar materiais de maneira errada, o que pode levar à perda. 

Falta de controle sobre os projetos

É preciso acompanhar de perto a execução do projeto para  se certificar de que ele está sendo feito conforme o planejamento.

No entanto, quando isso não ocorre, é comum que a execução do trabalho seja ineficiente, o que pode ocasionar perdas.

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Como analisar as perdas na construção civil?

Essa análise pode ser feita a partir de indicadores de perdas na construção civil. Tais ferramentas possuem um papel fundamental na identificação e análise dos desperdícios em um canteiro de obra. 

As informações obtidas são bastante úteis para criar planos de ação visando eliminar tal problema. Além disso, podem ajudar a:

  • Ampliar a visão da gestão sobre o desempenho de cada processo e da organização como um todo;
  • Monitorar um indicador e avaliar se o processo está sendo feito de acordo com o planejamento; 
  • Expor pontos fracos da obra, que precisam de intervenção;
  • Melhorar as entregas finais, uma vez que o processo como um todo flui melhor.

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5 indicadores de perdas na construção civil?

Confira cinco indicadores de perdas na construção civil que podem ser monitorados para avaliar o desempenho da sua obra e identificar possíveis desperdícios:

1- Percentual de material adquirido em relação à quantidade necessária

Esse indicador diz respeito à diferença entre a quantidade de material comprado para uma obra versus o que realmente seria preciso. 

Ele indica que, em alguma fase do processo, houve uma falha que acabou resultando em sobras. 

2- Espessura média de revestimentos de argamassa

A alta variabilidade na espessura dos revestimentos de argamassa é um indicador de desperdício de material. 

Um estudo da Enegep mostrou que o índice de desperdício de argamassa no canteiro de obras resulta em um valor médio 66% acima do previsto no planejamento. Isso faz da argamassa um dos materiais que mais sofre perdas na construção civil.

3- Tempo de rotação de estoques

A rotação de estoque é uma medida que mostra quanto tempo uma obra precisa para acabar com o estoque de um insumo e precisa repô-lo. Ou seja, quando as entradas e saídas não são devidamente controladas, o resultado é o desperdício de materiais. 

4- Percentual de tempos improdutivos em relação ao tempo total

Esse indicador avalia a proporção entre as horas totais do expediente e aquelas que realmente foram produtivas. 

Quanto maior a diferença, mais grave é a situação, pois isso indica que não há um equilíbrio e os trabalhadores estão tendo muito tempo ocioso 

5- Horas-homem gastas em retrabalho em relação ao consumo total

Esse indicador é medido somando homens-horas (hh) gastos, dividido pela quantidade de serviço executado. Ele ajuda a medir a produtividade de cada equipe ou funcionário e o esforço gasto em retrabalhos. 

Dessa forma, é possível definir os hh gastos em retrabalhos os quais poderiam ter sido evitados.

Como melhorar os indicadores de perdas na construção civil?

As perdas representam grandes prejuízos para as empresas de construção civil. Porém, existem medidas que podem ser adotadas para reduzir esses índices. Conheça quatro: 

1- Adoção do Lean Construction

Lean Construction, ou construção enxuta, é uma metodologia de gestão que tem como objetivo minimizar o desperdício no canteiro de obras. 

O método Lean visa cortar todas as ações que não são necessárias para o bom andamento da obra, deixando apenas o essencial. Com isso, o projeto se torna mais econômico e os processos são otimizados. 

2- Fazer um planejamento eficiente

O planejamento é a primeira fase de qualquer obra, sendo também uma etapa crucial para o sucesso do projeto. 

Essa é a fase de decisão de todos os aspectos do empreendimento. Assim, é preciso que o desperdício seja colocado em questão como uma forma de evitá-lo ao longo da execução da obra. 

3- Contratar mão de obra qualificada

Profissionais qualificados e preparados para trabalho em obras são menos propensos a cometer erros que coloquem as operações em risco.  

Assim, invista na contratação de uma mão de obra qualificada, que execute o empreendimento de forma eficiente e produtiva. 

4- Acompanhar os processos

O gestor precisa acompanhar os processos de perto para garantir que o planejamento seja seguido à risca. 

Isso pode ser desafiador, visto que administradores costumam ter agendas apertadas e esse tipo de atividade demanda tempo e dedicação. 

Nesse sentido, o uso de uma ferramenta digital pode simplificar esse monitoramento, como a Checklist Fácil. 

Essa tecnologia conta com planos de ação personalizados que podem otimizar a realização de operações como inspeções e vistorias, conferindo eficiência e produtividade no canteiro de obra. Além disso, o Checklist Fácil permite acompanhar todos os aspectos da sua obra, a exemplo das não conformidades.

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